Igute

Estive conversando com a minha parceira de trabalho, a psicóloga Daniela Adami, sobre o desenvolvimento do comportamento alimentar… essa é uma área que amo muito, adoro estudar e conversar sobre isso. Muito do jeito que comemos hoje, vem da infância. Eu ainda não tenho filhos mas atendo muitas mães e fico sempre imaginando como é essa logística toda de alimentação da família.

Inclusive, em uma dessas nossas conversas a Dani me contou uma história e pedi se ela poderia compartilhar com você.    É uma reflexão bem importante, mesmo que você não tenha filhos. Vamos lá?
“Como mulher, profissional, mãe e dona de casa, procuro (a fim de seguir a tradição…kkkk), retomar as atividades e proporcionar uma alimentação mais nutritiva e balanceada para meus filhos no início da semana.
E a partir deste momento saio por completo do meu papel de profissional (que trabalha com reeducação alimentar) e mulher, assumindo somente as funções de mãe e dona de casa.
E como tal, temos que pensar na alimentação diariamente (e várias vezes do dia), de nossos filhos…..e como pode ser difícil!!!
Após um longo dia de trabalho, preparei um risoto com carne moída para os dois, que eles realmente gostam muito. Dei banho e chamei meus filhos (um com 7 e outro com 2 anos) para jantar.
Imediatamente o mais velho (que está um pouco acima do peso), veio. O problema foi com o pequeno, que teve uma crise de birra, daquelas extremamente conhecidas das mães mais experientes. Não comeu, jogou o prato longe.
Horrível estar contando isso né? Fico até constrangida…muito na verdade! Mas é a realidade.
E não acaba por aí….abriu a geladeira e pediu “igute”. E vocês sabem, deixar sem comer é difícil….o que faz com que muitas vezes acabamos cedendo, mesmo sabendo que essa alimentação está muito distante do ideal que queremos para nossos filhos.
E aí, o que fazer? No final ele comeu três iogurtes!!! Sim!! E eu já estava tão cansada, do trabalho, do choro, das brigas entre os dois, das preocupações que acabei permitindo.
É correto? Não, não, e mais mil vezes não! Mas estou certa que quem é mãe, por mais dedicada, amorosa, decidida e assertiva que possa ser, já passou por algum momento de dificuldade como esse, onde muitos sentimentos estão em jogo, sendo o principal deles a culpa.
Carregamos para nós as responsabilidades dos fracassos e erros dos nossos pequenos. E sabemos o quanto a alimentação está relacionada ao afeto! O quanto o afeto é manifestado através da comida!”
Eu, Natalia, não me permito julgar a forma como as mães alimentam os filhos. Não julgo a mãe que abre um pacote de bolacha recheada por ser mais fácil. Nem julgo a mãe que só faz papinha orgânica. Eu fico me imaginando cansada, depois de um logo dia de trabalho… de onde tirar paciência e força de vontade para ensinar um filho a comer de forma saudável?
Eu não sei como eu seria, ou serei, nesse papel. Uma coisa tenho certeza: não deve ser fácil!
Sabe, se a gente tivesse educação nutricional nas escolas como disciplina obrigatória… viveríamos uma outra realidade de saúde no Brasil. Embora a informação esteja em todos os cantos.. nem sempre ela é de qualidade. Bom, estou sonhando aqui com isso…
Até a próxima!
Com carinho,
Natalia.

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